"O conhecimento enriquece a alma" (Santo Agostinho)

Encontro de Santa Mônica e Santo Agostinho


É tradição em Breves, a comunidade agostiniana com a participação das Escolas Santa Mônica e Santo Agostinho, realizarem a Procissão do Encontro de Santa Mônica e Santo Agostinho.
Este ano a celebração ficou mais bonita com a presença também da Comunidade de Nossa Senhora da Consolação.
Lembra a história que:
No ano 384, Agostinho veio a Milão ensinar retórica, e conheceu Santo Ambrósio, que o desiludiu paulatinamente do maniqueísmo. Resolveu definitivamente abandonar os maniqueus e permanecer na Igreja, na qualidade de catecúmeno, como dizia ele, na Igreja que os pais lhe haviam recomendado, isto é, na católica, até que a verdade se lhe revelasse mais claramente.

Santa Mônica veio da África encontrá-lo em Milão, com tão viva fé, que atravessando o mar, consolava os marinheiros, mesmo nos maiores perigos, pela certeza que Deus lhe havia que chegaria até seu filho. Quando ele lhe disse que não era mais maniqueu, mas que ainda não era católico, ela não se surpreendeu; respondeu-lhe tranquilamente que estava certa de vê-lo fiel católico antes de deixar esta vida. Entrementes, continuava com as preces e atenta às prédicas de Santo Ambrósio, a quem amava como anjo de Deus, sabendo que havia levado seu filho a esse estado de dúvida, que deveria ser a crise de seu mal. Como tivesse o costume, na África, de levar às igrejas dos mártires pão, vinho e carnes, queria fazer o mesmo em Milão; mas o porteiro da igreja lhe impediu e lhe disse que o bispo o havia proibido. Ela obedeceu imediatamente, sem que nenhum apego ao costume. Santo Ambrósio, de resto, havia abolido esses repastos nas igrejas, porque, em lugar dos antigos ágapes sóbrios e modestos, não ofereciam senão oportunidade para devassidão. Amava, por seu lado, Santa Mônica pela piedade e boas obras, e sempre felicitava Agostinho de ter mãe como aquele; porque toda sua vida fora virtuosa.


Santo Agostinho, após o batismo, tendo examinado em que lugar poderia servir a Deus mais utilmente, resolveu voltar para a África com a mãe, o filho, o irmão e um jovem chamado Evódio. Ele era também de Tagasta; sendo agente do imperador, converteu-se, recebeu o batismo antes de Santo Agostinho, e deixou o cargo para servir a Deus.

Quando chegaram a Óstia, descansaram do longo caminho que haviam feito desde Milão e se prepararam para o embarque.

Um dia, Santo Agostinho e sua mãe, debruçados ambos sobre uma janela que dava para o jardim da casa, entretinham-se com uma doçura extrema, esquecendo todo o passado e conduzindo o pensamento para o futuro. Buscavam saber qual seria a vida eterna dos santos. Elevaram-se acima de todos os prazeres dos sentidos; percorreram gradativamente todos os corpos, o próprio céu e os astros. Chegaram até as almas, e, passando por todas as criaturas, mesmo espirituais, alcançaram a sabedoria eterna, pela qual elas são, e que é sempre, sem diferença de tempo. Ali permaneceram um momento no auge da satisfação espiritual, e suspiraram contrafeitos ao serem obrigados a voltar ao ruído da voz, onde a palavra começa e acaba. Então a mãe lhe disse; "Meu filho, pelo que me diz respeito, já nenhum prazer me prende a esta vida. Não sei o que faço aqui, nem porque existo. O que me fazia ansiar aqui permanecer era ver-vos cristão católico antes de morrer. Deus concedeu-me mais; vejo-vos consagrado a seu serviço, após haverdes desprezado a felicidade terrena."

Aproximadamente cinco anos após, caiu doente com febre. Um dia perdeu os sentidos; ao voltar a si, encarou Agostinho e seu irmão Navígio, e lhes disse: "Onde estava eu?" Depois, vendo-os compungidos de dor, ajuntou: "Deixareis vossa mãe aqui." Navígio manifestou o desejo de que ela morresse de preferência no seu país. Mas ela encarou-o com olhar santo Agostinho e severo, como a repreendê-lo e disse a Agostinho: "Vê o que ele diz!" Enfim, dirigindo-se a ambos: Colocai este corpo onde vos aprouver; não vos inquieteis. Peço-vos somente que vos lembreis de mim no altar do Senhor, onde quer que estejais."

Morreu no nono dia da enfermidade, na idade de cinqüenta e seis anos, e no trigésimo-terceiro de Santo Agostinho; isto é, no mesmo ano de seu batismo, 387.

Assim que expirou, Agostinho fechou-lhe os olhos. O jovem Adeodato lançava gritos lancinantes; mas os circunstantes o fizeram calar, não vendo motivo algum para lágrimas nesta morte, e Agostinho conteve as suas, fazendo violência a si próprio.

Evódio tomou do Saltério e principiou a cantar o salmo centésimo: "Cantarei em tua honra, Senhor, a misericórdia e a justiça." Toda a casa respondia, e em poucos instantes se congregou grande número de pessoas piedosas de ambos os sexos. Levaram o corpo; ofereceu-se pela defunta o sacrifício de nossa redenção; fizeram-se as preces ao pé do sepulcro, segundo o costume, em presença do corpo, antes de enterrá-lo. Santo Agostinho manteve os olhos enxutos durante toda a cerimônia; mas enfim, à noite, deixou correr livremente as lágrimas para aliviar a dor. Orou por sua mãe, como fazia ainda tempos após, descrevendo todas as circunstâncias que cercaram essa morte no primeiro livro de suas Confissões; pediu aos leitores que se lembrassem no santo altar, de Mônica, sua mãe, e de seu pai, Patrício.


(Livro Vida dos Santos, Padre Rohrbacher, Volume VIII, p. 82 à 87)